Quem lê tanta notícia?
Numa época em que cada vez menos gente lê jornais, as empresas de comunicação se perguntam: como ganhar dinheiro? Qual é o modelo de negócio que fará sentido? Produzir notícias custa caro. Mas a geração que hoje tem vinte e poucos anos não está acostumada — nem disposta — a pagar por conteúdo. Além disso, os novos canais digitais provocaram um baita terremoto na forma tradicional de apurar e divulgar notícias. Estamos vivendo uma transição para um novo modelo, um momento de quebra de paradigma, mas ainda não sabemos muito bem o que vem por aí.

No meio de tantas informações, como saber quais são importantes?
Por outro lado, mesmo os maiores críticos ao trabalho do jornalismo compartilham — muitas vezes se utilizando de ocultadores de links, para não dar cliques aos veículos da grande imprensa — conteúdos produzidos por profissionais. Isso acontece justamente porque ainda não inventamos nenhuma solução mais eficiente para manter as pessoas informadas. A imprensa é um negócio, sim. Custa caro, sim. Faz algumas famílias ficarem ricas, sim. Mas também, e gostamos de acreditar que acima de tudo, é um instrumento importante para manter cidadãos a par do que acontece no país e no mundo. Sem liberdade de imprensa, não pode existir uma democracia de verdade.
Por tudo isso, cabe aos profissionais de comunicação pensar em formas de manter a imprensa viva e importante em nossa sociedade.
Dia desses, assisti por webcast a um debate promovido pela ESPM/Rio sobre jornalismo investigativo. Foi interessante ver que muita gente boa, dentro das redações, está buscando essas soluções. Em um momento de mudanças como o que vivemos não dá para esperar por respostas rápidas, mas minha percepção é que estamos conseguindo estabelecer algumas premissas — e elas é que irão ajudar a direcionar as estruturas que irão compor a comunicação do futuro.
Em um mundo exageradamente informacional, em que a sobrecarga de informações é uma causa de estresse, a curadoria (ou, como chamávamos no tempo dos jornais em papel, a boa e velha edição) torna-se muito importante. A curadoria faz as informações ganharem sentido. Os bons jornalistas, nesse mar de dados aparentemente sem fim, organizam conhecimentos, buscam relações entre os fatos, e, principalmente, se preocupam com a veracidade ou, no mínimo, com a plausibilidade do que publicam.
Minha amiga Maiá Menezes, que participou do debate, resumiu muito bem o dilema: nunca tivemos acesso a tanta informação, e por isso os filtros têm que ser mais apurados. Num mundo complexo, cabe a nós, jornalistas, ajudar a contar as histórias, com técnica e com vontade de acertar, ou, pelo menos, de aprender com os erros.